Caros Docentes, Caros Funcionários, Caríssimos Estudantes,
O início do novo ano letivo é sempre um momento feliz. Estamos de volta à universidade para continuar a estudar. Seguramente encontraremos novos colegas, novos professores, novas matérias para aprender e novos desafios. Não é casual que em muitas universidades inauguram o ano académico com o velho hino universitário: Gaudeamus igitur, que ‘sejamos felizes’.
Com alguma admiração constato que brevemente, ainda durante este ano letivo, vamos celebrar o vigésimo aniversário da nossa universidade.
É simbólico que os estudantes do 1º ano de graduação, os nossos queridos caloiros, nasceram já durante a vida da nossa universidade. Sem dúvida, o ano 2019/2020 foi um ano atípico e penso que o ano letivo 2020/2021 não se avizinha como um ano fácil.
O ano transato foi um momento de grandes aprendizagens porque tivemos de enfrentar perigos desconhecidos e que antes nem imaginávamos.
Felizmente, e apesar de estado de emergência, a universidade não parou nem um momento e tivemos de nos adaptar para teletrabalho ou ensino on-line.
Felizmente conseguimos fechar quase todas as unidades curriculares nos cursos de graduação e de pós-graduação com as respetivas avaliações.
O ensino universitário desde as suas origens está fundido com a investigação científica. Penso que a pandemia fez nos perceber as fraquezas da ciência ou talvez da forma como é praticada. A nossa universidade, através do seu Centro de Investigação participa em várias iniciativas científicas que reúnem parceiros nacionais e internacionais. Os campos de investigação vão desde ciências biomédicas até a economia e desenvolvimento.
Mas no fundo penso que, muitas vezes, há um denominador comum que é a questão ambiental diretamente relacionada com a qualidade de vida dos cabo-verdianos. Este ano os cursos mais procurados são Enfermagem e Arquitetura. Como reitor interpreto este facto como sinal de confiança que nós não podemos defraudar.
O Hipócrates foi o 1º quem sublinhou que a saúde não depende tanto das forças sobrenaturais, ou do horóscopo, mas tem a ver antes com o estilo de vida que condiciona inevitavelmente todo o percurso do individuo. Daí a importância da ponte epistemológica entre as ciências de saúde, tecnologias e as ciências socias que se debruçam sobre hábitos e estilos de vida no mundo em constante evolução.
A Arquitetura não só constrói edifícios, mas e antes de tudo produz sensações que contribuem, ou não, para o bem-estar de uma pessoa.
Por isso permito-me mencionar três iniciativas da nossa universidade:
1º Concurso Labirinto de Género, uma instalação tecno-artística realizada em parceria com a Comissão Nacional para UNESCO.
2º Projeto de Eficiência Energética em Edifícios e Equipamentos realizado em parceria com a Direção Nacional de Indústria e Comércio, inclui também a acústica de edifícios e a proteção contra a poluição sonora.
3ª Finalmente, conjuntamente com o nosso parceiro o Instituto Nacional de Saúde Pública, fomos selecionados no concurso da fundação Gulbenkian e ganhámos 2 impressoras 3D que vão utilizadas principalmente nos cursos de saúde e de arquitetura. Já é truísmo afirmar que as tecnologias condicionam a nossa vida. Acho que é muito mais.
Por isso a oração de sapiência de hoje debruça-se sobre o impacto das tecnologias na sociedade. E agradeço desde já o nosso ilustre convidado Doutor João Dias que generosamente aceitou o nosso convite.
Por outro lado, a investigação científica em África e Cabo Verde, é mais gratificante, devido à isotropia bem visível nos mapas e não só.
A nossa universidade tem vários projetos na área de saúde e ambiente, onde além das questões biológicas pretendemos incutir alguma sensibilidade social. Porque o futuro da medicina reside na prevenção e no respeito de fatores ambientais. Por isso, já na 4ª feira, dia 07 de outubro, vamos inaugurar a exposição Baía do Inferno Genius Loci, conjugada com webinar sobre Literacia Ambiental.
Pretendemos, desta maneira, consolidar a tradição de um webinário por mês. O anterior foi sobre a pedagogia digital.
Hoje queria saudar muito calorosamente os nossos estudantes do 1º ano no campus da Praia e no Polo de Mindelo.
Sublinho que a nossa universidade tem a oferecer muito mais de que que aulas e graus académicos. Têm ao vosso dispor programas de intercâmbio internacional, laboratórios especializados, participação em programas de investigação. Estamos também abertos a apoiar iniciativas estudantis como criatividade artística e científica, voluntariado estudantil ou participação de estudantes na escolha de seminários suplementares.
A nossa webtv e a rádio Piaget FM estão preparados, assegurando a respetivo apoio técnico, para acolher programas preparados por estudantes.
Estes recursos são utilizados também para o e-learning já que queremos que um grande número de lecionação se realize a distância. Desta maneira pretendemos diminuir os riscos de contágio. Este ano letivo as responsabilidades são acrescidas e apelo, desde já, pelo respeito escrupuloso de normas sanitárias em vigor: distanciamento, ventilação, higienização de espaços etc.
Timidamente espero que a lição da pandemia sirva de aprendizagem no campo da higiene e saúde pública.
Quero também saudar os estudantes finalistas e os antigos estudantes que são o capital mais precioso.
Não escondo que como reitor gostaria que mantivéssemos o contacto. Do nosso lado podemos oferecer o espaço da universidade e os nossos canais de comunicação para a apresentação de vossos projetos, empresas ou iniciativas culturais. Daí o repto para a criação da associação Alumni que possa servir também da plataforma de contacto entre colegas.
Assim estaríamos unidos dentro do triângulo de conhecimento que implica acesso aos estudos de alto nível, a investigação científica relevante e o uso eficaz de resultados da investigação. Em Cabo Verde podia citar muitos exemplos de investigações feitas e que nunca foram aproveitadas. Principalmente, porque o parecer político prevalecia sobre o parecer técnico.
Confio plenamente que trabalhando em conjunto consigamos ultrapassar muitas barreiras e que brevemente nos encontremos não só nas aulas, mas também nos projetos de pesquisa, nas conferências e nos trabalhos de campo. Assim, sejam todos bem-vindos no nosso novo ano académico. Dirijo-me aos estudantes, professores, investigadores, colaboradores.
Aproveito a ocasião para agradecer o trabalho daqueles que nem, sempre são visíveis: funcionários, pessoal de secretaria, técnicos. Sem o trabalho deles a universidade não poderia funcionar.
Termino desejando a todos um ano académico muito frutífero.
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